quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

marmarinho das noites do rio

Cuspo poesia no seu copo
Espalho meu fracasso
em alegria
essa fantasia tao pouca
a ponto de se morrer
...
mas não vou deixar
o sol descer
vou deslizar por todo o mar
anoitecer no seu marinho
e me acabar
de me beijar
pernas, braços, boca
rio dos acasos das noites eternas

que me deixa louca
chega inspirar
tira o vazio
enche de letra

me faz esvaziar
esse cristo que me lembro
desde menina vendo
ainda existo quando olho por diante
quantos morros, quantos mares
quantos amantes
em seus caminhos
acasos, descasos
um vinho pra me enlaçar nos seus laços

Cura

em meio de poesia
eu venho lhe mostrar
que eu fui só fantasia
pra tentar me salvar
entre as agonias da cidade
me fiz meu par
imune das maldades
só se pune quem não sabe amar
eu quis
ser rainha nesse mundão
sozinha, sem documento e sem razão
fugir em vento por onde ele me levar
fazer minha casa o mar
me perdi pelas areias da praia
te escondi debaixo da minha saia

 então em meio de poesia
eu venho lhe mostrar
que eu fui só fantasia
pra tentar me salvar
e agora
que a vida já não é mais luar
é o amanhecer que liberta
com você minha escolha certa
vamos fazer as malas na encolha
deixa piedade aos caretas nas suas salas escuras
talvez você se esqueça
mas eu não
que nós dois juntos
é a cura

domingo, 6 de janeiro de 2013

Instantes

Aldeia velha
Ideias passadas
Quanta coisa foi guardada
O sol vai nascer
O dia que amanhece
O ano que vai
Pra se esquecer
Se liberta
A beira do mundo
O improvável
O profundo
É o que fica
Dentro de si
Incentiva a se desvair
E o sol que eu vi
A um segundo atrás
Fechei os olhos
Abri
Já não vejo mais

Consumo a mim mesma

Qualquer poeta é santo, sim, na sua imaginação, e por que não assim? Vítima dos seus sonhos, apaixonado pela vida, salvador, do amor da partida. Acredita-se até, que paz é estado de morte, amor em guerra, seria sorte!? Ou poesia? E o que será que eu diria? Que perdida já em fantasias, fui feliz, fiz de tanta história viva, cada frase em si sentida dos dedos do pé até a boca, aonde louca fui, deixei-me dominar. Amor... será. Tirou tudo de mim, todo o pudor, todo o medo, já não restou. 
A coragem, quem sabe, que predomina... Já sou mulher, mas vivo nos tempos de menina, a era da infância que inspira, sem ganancia, essa ânsia da inocência já perdida. Essa descencia hipócrita que de nós é exigida.
Afinal, seria grosseria a mais pura sinceridade!? E se for, qual será a maldade meu bem? Se nesse mundo, jamais vivemos sem!? Insanidade é não explorar, ser explorado, alma que só existe passado, insano é estar de partida, sem mesmo estar
Com licença, eu vou viver da minha presença, não contar os meus anos, deixar apenas as marcas e quando quiser, meu bem, sumir como fumaça, e me consumir, se quiser, também faça.

Olhos de Primavera

Seus olhos
Cor de primavera
Floresce vida
a sua esfera
Em que contida
vivo
Feito flor
Me alimento do seu amor
Que em mim cresce
Bem mais
A felicidade verdadeira
vem sem paz
Sem monotonia
Essa poesia que escorre pelas mãos
dedos
desabrocha os segredos
Atropela os planos
anos
Tira a razão
Um tiro no escuro
Faz te querer até lá no futuro
Como o verão sonha rosa
O sol com a lua
Uma proza que supera
Uma noite bastante
pra só seus olhos de primavera
Só eles
Comigo adiante