terça-feira, 14 de julho de 2015

Berço do Mar

O meu berço é só mar
Se me esqueço
Ô meu rio
Não me esqueça de lembrar
Me arranca esse vazio
Me deixa mergulhar
Deslizar nas suas águas
Endireita as minhas mágoas
Pra nunca mais me atormentar
Nesse rio sou capaz
De nascer e me encontrar
Reinventar tudo o que tinha
Entardecer nas minhas praias
Desde pequenininha
Sempre foi a minha laia...


quarta-feira, 8 de julho de 2015

História que se Fazia

Dia chuvoso,
O futuro é perigoso
Até no escuro
Do esgoto
Dá pra ver nascer uma flor
Se quiser amor,
Pode ser só poesia
Um tempo atrás
Ainda se fazia
Tão fácil fantasia..
Só com o vento se levava
Todas as agonias
Hoje visto minha roupa,
Invisto
Em tantas ideias tolas
Que negócio é esse?
História é coisa séria
Não é só interesse
O que preciso pra memória
Que não se esquecesse
É o sorriso de agora
só esse..

Janela dos Fundos

Da janela dos fundos
Sou capaz de ver o mundo
Sobre tantos problemas
Me salvou pelos cantos
O meu lado sonhador
Sem mais nada na cabeça
Me encho de amor
Antes que esqueça 
Planejo algum plano sem pudor
Festejo a vida e me sinto inteira
Sento na cadeira e me pego a escrever
Tudo sai de supetão
Não tenho um jeito certo pra ser
Nesse verso ignoro meus defeitos
Faço do incerto nostalgia
Pra resgatar minhas breves fantasias
O vento leve me dá esperança
Nos meus olhos 
Me encontro criança
Pronta pra uma aventura
Me livrando de qualquer sensura
Uma proza, um Conto
Estampado na cara
A vontade de fazer o que quiser
Da Janela dos fundos
Ainda vejo os desejos mais profundos
Escondidos na penumbra
Esperando que não os ache nunca

Não era Primavera

Dia de chuva,
Nas poças me cruza
Um barquinho de papel..
A maresia me usa
O céu chora gotas tão azuis
Agora fundo ,
Dá pra ver as nuvens
surgindo uma luz
Eu da janela olhando,
choveu
Nasceu uma flor amarela
Em um instante... sem dar trela
E não era primavera
Era amor vadio
Era carioca, sem pudor 
Do tipo que retroca
Era ardor as palavras que sentia
No rio
Em cada esquina uma poesia
Por um fio
Nos olhos de uma menina

Tiro Certo

Sou voyeur do Rio,
mulher do mar
sempre no sio
quando ao seu lado ficar
Pelas ruas, esquinas
pelas minhas contas a lua
Já me fez sua menina
do sol do verão
as chuvas do nosso inverno
Deixa eu deslizar nas suas curvas,
até tirar o seu terno
Deixa que eu coço suas costas,
do jeito que gosta
e te vendo dormindo...
tão lindo o meu homem
o Cristo sorrindo
Poesia de bicho!
fantasia que me consome
Tiro em certo do amor
o meu nome no seu
inteiro, concreto
como o Rio de Janeiro escreveu nesse verso

terça-feira, 7 de julho de 2015

Promessa

A arte que eu faço
Vai saindo de algum pedaço
De mim
Sem qualquer lei
eu não sei nem
Se é tão bom assim
Arde na pele
Uma onda que bate e interfere
Num cotidiano
Que já vai saindo dos planos
Há tantos anos
Cumprindo a promessa
De que nada me impeça
Que nunca se meça
Palavras pra serem caladas
Seja sempre voz que grite nos ouvidos alheios
Com versos cheios
De verdades que se precisa saber
Porque não basta tá vivo
O que é preciso
É viver

Faísca

De repente,
dos olhos se desfez a ultima chama
Desejos não sao sólidos
não faça disso um drama
Se eu cai em feitço
enchi seus olhos dos meus
Se eu sofri, 
ou fui feliz
O que importa
Eu quis assim
nada se perdeu
Mas se eu voltar arrependida
abre a porta pra essa pobre bandida
E vem direto ate mim
Eu não sei ao certo, 
o que cobre meu corpo e enche minha boca
Mas a faisca de paixão contida
fechada nas minhas mãos
Me deixa louca..

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Desfaço

Sei que o sol não vai descer
até eu entender
E se quiser me desfazer
Desfaço
As vezes eu me perco em um abraço
ou em qualquer coisa mais simples
Na frente do mar
Eu posso sentir os timbres,
fugir pra qualquer lugar
Não existe dia seguinte
Quando se pode sonhar
Socorre os sonhos que não pude realizar..
Se ilude sem razão,
Quem pode viajar
pela sua própria mente e se salvar!
Sem seguir essa nação indecente,
que tenta te levar..
Então sente,
que a poesia vai transbordar
Pela borda da minha roupa
Até sua mão se sentir solta
pra se libertar..

(Fotografia: Rafael Vaz)